Publiquei um texto de Bertolt Brecht no Facebook, na pagina Comunitária do projecto “O Chão e a Vida”, o qual falava do analfabetismo politico, que suscitou comentários interessantes e levou os leitores a participar. Foi importante para mim ouvir as opiniões das pessoas e isso levou-me a reflectir sobre o “estado da nação” em época de crise e em que o estado social e o apoio dado às classes mais desfavorecidas são apontados pelos nossos governantes, como a mãe de todos os males de um país sem rumo, em que se protegem os fortes e esmagam-se os fracos.
Segundo o pensamento de Brecht e aplicando-o ao nosso povo penso que muitos de nós somos realmente analfabetos políticos, desprezando a única arma que temos para nos defender e que se chama: “Voto”. Pudesse a passividade e a catalepsia do povo apoiante do “deixa andar” e não votante, ser contabilizada nas urnas e a “Abstenção” seria poder, com maioria absoluta.
As coisas podem mudar se todos quisermos e exercermos o nosso direito de cidadania. Precisamos estar atentos ao que se passa à nossa volta e denunciar.
Não pertenço a qualquer partido político e a única ideologia que professo é a de uma sociedade mais justa em que as discrepâncias sociais sejam menos acentuadas. Defendo o direito de todos os seres humanos terem um tecto, alimento que lhes permita não passar fome, mobilidade e assistência médica.
Durante a minha vida, tendo sido passada a maior parte dela em África, vi crianças subnutridas autênticos esqueletos andantes cobertos por uma fina camada de pele, elemento identificador de que eram seres vivos como eu. Choca-me a fome e ver seres humanos agonizantes que acabam por morrer perante a passividade dos senhores do mundo que controlam a riqueza do planeta mãe.
Não querendo ser profeta da desgraça olho à minha volta e o que vejo num país que é o meu e que se diz desenvolvido?
Que há fome em Portugal já foi reconhecido pelo nosso actual PR, possivelmente o próximo se o povo continuar adormecido como tem estado até agora. Lembro-me das suas palavras: “Os portugueses deviam ter vergonha de passar fome”. Não sei o que realmente ele queria dizer a não ser que a fome é culpa dos pobres e nunca de quem os governa.
Numa visão futurista do nosso país, se não se inverter o actual rumo despesista da máquina do estado, vejo as nossas crianças, adultos e velhos com a mesma imagem das crianças que vi em África.
A mudança para que isto não venha a acontecer está em cada um de nós. Ajudar a levantar os mais fracos pode ser o iniciar do nosso exercício de cidadania. Podemos ser apenas uma gota de água, mas não nos podemos esquecer que o copo de água que nos sacia a sede está cheio de gotas de água. A mudança está em cada um de nós querer ser uma gota de água no copo dos males do mundo.
Raul Almeida