RENDIMENTO SOCIAL DE INSERÇÃO, O ETERNO DRAMA

O Rendimento Social de Inserção (RSI) parece congregar, da parte de alguns agentes da nossa praça com altas responsabilidades como leaders de opinião, todo um conjunto de responsabilidades pelo descalabro a que o País chegou em vários domínios.

Parece que a crise económica, segundo algumas cabeças sábias, se resolveria, pura e simplesmente, cortando este Rendimento a pessoas que, segundo elas, não querem trabalhar ou são um peso morto na sociedade.
Sem pretender subestimar a necessidade duma vigilância efectiva sobre os beneficiários desta medida no sentido de se acompanhar a sua capacidade de resposta social e de perceber a necessidade que existe e persiste em lhe conferir o RSI, não posso deixar de me indignar quando se fazem cortes cegos sem se perceber quanta vida se encurta, se destrói ou se torna indigna. Medicamentos e tratamentos que deixam de ser feitos, alimentação adequada que não é cumprida e, em cúmulo, o recurso a expedientes como o tráfico o roubo e a prostituição para alguém manter um simulacro de vida.
O que é curioso é que, quem questiona este magro subsídio, nunca se viu pôr em causa as avultadas verbas despendidas pela Presidência da República nos seus roteiros para a inclusão que, para além de pretenderem fazer passar uma imagem humanista de quem as promove, outros resultados práticos não são conhecidos nem procurados.
Também é com humildade, e submissão, que os portugueses vão pagando a nossa RTP 1 e 2, quer nas facturas da luz quer nos pacotes como MEO e TVcabo que permitem uma tributação dupla e ilegítima. Isto para não falar no déficit da RTP também pago com o dinheiro dos contribuintes, que segundo se estima, fica em 40 €/ano a cada português. E tudo isto para difundir a comunicação do poder que permite manter a discriminação, a aceitação das injustas desigualdades e, naturalmente, ter alguns bem-falantes a baterem nas prestações sociais dos mais necessitados.
Poucos põem em causa as despesas de representação que continuam a ser feitas, quer a nível do governo quer das empresas públicas nem os estudos inúteis pagos, a peso de ouro, por este País fora na relação de promiscuidade Estado e seus acólitos.
Não vou citar mais exemplos embora muitos me ocorram. A justiça é um processo que irá ocorrer porque uma nova tomada de consciência há-de ser feita ainda que a duras penas. E caridade das elites há-de dar lugar à dignidade, ao respeito e à igualdade de oportunidades.
Porém, e em especial neste Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social, não podemos permitir que situações como as atrás descritas ocorram sob a égide da nossa anuência.
Lídia Soares

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